Mais uma história triste que tem como causa o uso de drogas... Até onde o vício pode levar o ser humano, ceifar vidas, deixar filhos órfãos, víúvas e todos os familiares sem entender o porquê.
Até quando vamos ter que conviver com esta calamidade pública que se instalou no nosso meio, no nosso
convívio. Este mal já não é privilégio de certas classes sociais, raças, credo religiosos, hoje qualquer um
está sujeito e entrar neste mundo tão cruel, de onde raramente se sai vivo.
LEIAM ESTA REPORTAGEM E DEIXEM A SUA OPINIÃO!!!
Assassino deixa carta antes de morrer: “Tudo por drogas”
Criminoso era matador em série de taxistas em São Paulo. A polícia ainda não tinha feito ligação entre as
mortes. Até que o próprio bandido confessou tudo em uma carta.
Era
dezenove de dezembro de 2012. O taxista Edson de Freitas é
encontrado morto a poucos metros do próprio carro com uma perfuração
de faca no peito. O bandido levou apenas dinheiro trocado. Deixou, no
bolso de Edson, R$ 250.
O motorista era casado havia 21 anos, tinha quatro filhos e uma
netinha, que na época tinha dois meses. Dona Givanilda demorou a
acreditar que o marido não voltaria mais para casa.
“Não tem dor acho que pior do mundo do que essa.Você vê
acontecer com todo mundo, e você acha que não vai acontecer com
você. E de repente, num piscar de olho, a pessoa fala que aconteceu,
diz a empregada doméstica Givanilda da Silva Freitas.
No
mesmo dia, no começo da madrugada, o criminoso tinha atacado outro
taxista.
O Rodrigo Vallone foi uma das vítimas do assassino. Mas ele
escapou porque conseguiu pular do carro.
Fantástico: Rodrigo, o que aconteceu naquele dia?
Rodrigo: Eles não chegaram nem a dar a voz de assalto. Já me
pegaram pelo pescoço e já me furaram. Conforme ele foi me furando,
eu consegui colocar a mão entre a mão dele e pular fora do
carro.
Madrugada de cinco de fevereiro de 2013. Outro
taxista é assaltado por dois jovens.
Eles levam o carro depois de esfaquear o motorista. A vítima, que
sobreviveu, não quis gravar entrevista.
Nove dias depois, mais um crime violento na mesma região.
O alvo? O taxista Robson Alves de Morais. Uma testemunha, que não
quer ser identificada, presenciou o assassinato. “O táxi entrou na
rua em alta velocidade. O cara me pediu socorro. Ele gritou
‘ajuda!’. Eu falei ‘é assalto?’. Ele falou, ‘é’.
O bandido já ouviu a minha voz e saiu correndo. Eu tava correndo
atrás dele, ele falava ‘vou ter que matar de novo, vou ter que
matar de novo’”, lembra.
Imagens mostram o criminoso fugindo logo depois do ataque. A
testemunha chamou a polícia e voltou pra socorrer o taxista.
Testemunha: Passou o dedo na perfuração e falou ‘eu vou
morrer’, eu falei: não vai. O resgate está chegando. Senta aí.
Ele entrou pra dentro do carro e sentou e ali foi agonizando,
agonizando. Quando a polícia chegou, ele tinha pulsação ainda”,
lembra.
O Robson Alves de morais tinha muitos amigos. Um deles era o
Rodrigo, que também é taxista e ele foi a primeira pessoa que fez o
reconhecimento do corpo do Robson no local do crime. “Eu tenho uma
televisão no carro. Fico vendo as notícias de manhã e eu vi lá
uma notícia de um taxista sendo assassinado. Reconheci o carro do
meu colega”, conta Rodrigo Silva.
O último taxista foi atacado em uma rua que fica em alto de
Pinheiros, um bairro de classe média alta na zona oeste de São
Paulo. O assassino desceu por uma rua, mas ele deixou cair no chão a
primeira pista que levou a polícia a identificá-lo: um carnê de
uma loja de eletrodomésticos com o nome da namorada dele.
Thirza Lima Pescarini, de 19 anos, registrou o roubo do carnê -
com informações falsas - num boletim de ocorrência. Ela foi
chamada para prestar depoimento e não convenceu os policiais.
“Percebia-se claramente que ela estava mentindo, estava muito
nervosa. Então, nós passamos a monitorá-la, diz o delegado Luiz
Fernando Teixeira.
Enquanto a polícia investigava a morte de
Robson e a história do carnê, uma reviravolta: o corpo do namorado
de Thirza foi encontrado ao lado do prédio onde ele morava, também
na zona oeste.
Pouco antes de morrer, Carlos Nogueira Agulha, de 20 anos, deixou
várias cartas escritas à mão. Eram para a família, para a
namorada e uma endereçada à polícia.
Nela, Carlos confessava ter atacado seis taxistas, apontava os
locais dos crimes e pedia perdão.
Até agora, os policiais identificaram quatro vítimas. Na carta,
o jovem tenta explicar seus crimes: "Tudo isso por causa de
droga, diz ele. Assalto para roubar dinheiro, por droga, infelizmente
feri alguém por droga".
Carlos Agulha morava em um prédio junto com o tio, que não quis
gravar entrevista. Mas contou que o rapaz sempre foi muito tímido e
reservado e que o conteúdo das cartas que ele deixou pegou toda a
família de surpresa.
Carlos era órfão e tinha dois irmãos mais velhos. Completou o
ensino médio e trabalhava como carregador.
Segundo a polícia, Carlos Nogueira agulha agia da mesma maneira,
sempre na madrugada.
Ele parava um táxi na rua. Se sentava no
banco de trás e pedia ao motorista para levá-lo a um endereço
próximo. Atacava o taxista dentro do próprio carro, com uma faca ou
um canivete.
E ia embora levando o dinheiro que conseguia
encontrar.
Segundo as investigações, em pelo menos dois crimes, Carlos teve
ajuda de um menor de idade. A polícia pediu à Justiça a apreensão
dele.
Thirza Lima Pescarini foi indiciada por favorecimento pessoal, por
ter negado reconhecer o namorado nas imagens da câmera de segurança,
e por falsa comunicação de crime.
O Fantástico procurou a namorada de Carlos, mas ela não quis
falar.
Dona Givanilda, que perdeu o marido, Edson, num dos ataques de
Carlos em dezembro, agora cuida dos filhos sozinha.
“Você
espera ‘cadê a pessoa?’ E nada. Ele era um pai. Um pai presente,
de reunião, de escola, tudo era ele”, lamenta dona Givanilda. .
Edição do dia 28/04/2013
28/04/2013 22h11 - Atualizado em 28/04/2013 22h12
Pouco mais de um terço (35%) das escolas públicas brasileiras têm
tráfico de drogas nas proximidades. Separados os Estados e o Distrito
Federal (DF), a proporção sobe. No DF, mais da metade dos
estabelecimentos (53,2%), a maior proporção do País, registram a
ocorrência de venda e compra de drogas nas redondezas.
Nenhum Estado está livre. A menor ocorrência é no Piauí, com 15,3% das escolas. Os dados foram levantados pelo QEdu: Aprendizado em Foco, uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann, organização sem fins lucrativos voltada para educação.
A pesquisa se baseou nas respostas dos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgada em agosto do ano passado. A questão sobre o tráfico nas proximidades das escolas foi respondida por 54,5 mil diretores das escolas públicas. Deles, 18,9 mil apontaram a existência da atividade. A situação, de acordo com especialistas, é preocupante e está associada diretamente à violência e à precariedade que cercam muitos centros de ensino do País, além de contribuir para que os alunos deixem de estudar.
O responsável pelo estudo, o coordenador de Projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins, diz que não dá para isolar escola no contexto em que está inserida. "Ela faz parte de um todo maior, se há violência fora, haverá também nos centros de ensino. Basta observar que o Distrito Federal (53,2%) e São Paulo (47,1%), (regiões) com altos índices de violência, são (as áreas) com o maior percentual", afirmou.
Outro problema que advém da situação é a evasão escolar. Para a diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, a evasão deve ser uma das grandes preocupações dos governos. "Muitos jovens acabam deixando os estudos pela proximidade com as drogas. Isso gera um problema ainda maior que não pode ser ignorado", diz. A porcentagem (de 35%) constatada pelo estudo, segundo ela, seria alta mesmo que fossem 10% ou menos. Para ela, a escola deve ser um local de cuidado e aprendizado.
Morador do Distrito Federal, o coordenador intermediário de Direitos Humanos e Diversidade na Regional de Ensino do Recanto das Emas (região administrativa do DF), o professor Celso Leitão Freitas, confirma os dados e diz que o tráfico próximo às escolas é mais comum do que se imagina. "As ocorrências são diárias. Pensamos que é um problema só do aluno, mas, quando se vai atrás, a família toda está envolvida com drogas e ele traz esse hábito de dentro de casa". Freitas é prova de que o tráfico está associado à violência, tanto entre pessoas quanto a que chamou de estrutural: a falta de serviços básicos. "Aqui presenciamos a falta de moradia, de educação, a falta de benefícios econômicos como um todo".
Os programas para combater o uso de drogas são vários, tanto governamentais quanto iniciativas privadas, e é consenso que, para mudar a realidade nas proximidades da escola, é preciso modificar a realidade da comunidade, por meio de assistência social e acesso a políticas públicas e a itens básicos como saúde, saneamento, alimentação, além de uma educação de qualidade. Para combater o tráfico e ajudar os alunos, ainda enquanto era professor, Freitas resolveu tomar uma iniciativa ele mesmo: criou o projeto Estudar em Paz, para resgatar o interesse pelos estudos. "A comunidade perdeu o encanto pela escola, precisamos resgatar isso. Ao mesmo tempo, as ruas estão cada vez mais 'encantadoras', cada vez mais estamos perdendo nossos alunos para o trafico", acrescenta.
O estudante Natanael Neves, 18 anos, fez parte do grupo Estudar em Paz. Dos tempos de escola, ele conta que não tinha a menor paciência, bastava "não ir com a cara" da pessoa para já começar a bater. E a violência estava lado a lado com o tráfico. Apesar de não ter feito o uso de drogas, ele viu colegas consumirem tanto nas ruas quando dentro da escola, em São Sebastião (região administrativa do DF).
"O local tinha policiamento, mas os guardas ficam com medo. O pessoal sabe e (usar drogas) já é algo quase normal". A agressividade foi algo que herdou de casa. Ele diz que queria chamar a atenção dos pais. A vida pessoal acabava chegando às salas de aula: "na escola, você só aperfeiçoa o que aprende em casa".
Hoje, Natanael se diz uma nova pesso: ele foi aprovado para o curso de gestão pública pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e pretende voltar ao ambiente escolar depois de formado para mudar a realidade. Ele diz que perdeu as contas dos amigos que deixaram as salas de aula por problemas com tráfico e violência.
Nenhum Estado está livre. A menor ocorrência é no Piauí, com 15,3% das escolas. Os dados foram levantados pelo QEdu: Aprendizado em Foco, uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann, organização sem fins lucrativos voltada para educação.
A pesquisa se baseou nas respostas dos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgada em agosto do ano passado. A questão sobre o tráfico nas proximidades das escolas foi respondida por 54,5 mil diretores das escolas públicas. Deles, 18,9 mil apontaram a existência da atividade. A situação, de acordo com especialistas, é preocupante e está associada diretamente à violência e à precariedade que cercam muitos centros de ensino do País, além de contribuir para que os alunos deixem de estudar.
O responsável pelo estudo, o coordenador de Projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins, diz que não dá para isolar escola no contexto em que está inserida. "Ela faz parte de um todo maior, se há violência fora, haverá também nos centros de ensino. Basta observar que o Distrito Federal (53,2%) e São Paulo (47,1%), (regiões) com altos índices de violência, são (as áreas) com o maior percentual", afirmou.
Outro problema que advém da situação é a evasão escolar. Para a diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, a evasão deve ser uma das grandes preocupações dos governos. "Muitos jovens acabam deixando os estudos pela proximidade com as drogas. Isso gera um problema ainda maior que não pode ser ignorado", diz. A porcentagem (de 35%) constatada pelo estudo, segundo ela, seria alta mesmo que fossem 10% ou menos. Para ela, a escola deve ser um local de cuidado e aprendizado.
Morador do Distrito Federal, o coordenador intermediário de Direitos Humanos e Diversidade na Regional de Ensino do Recanto das Emas (região administrativa do DF), o professor Celso Leitão Freitas, confirma os dados e diz que o tráfico próximo às escolas é mais comum do que se imagina. "As ocorrências são diárias. Pensamos que é um problema só do aluno, mas, quando se vai atrás, a família toda está envolvida com drogas e ele traz esse hábito de dentro de casa". Freitas é prova de que o tráfico está associado à violência, tanto entre pessoas quanto a que chamou de estrutural: a falta de serviços básicos. "Aqui presenciamos a falta de moradia, de educação, a falta de benefícios econômicos como um todo".
Os programas para combater o uso de drogas são vários, tanto governamentais quanto iniciativas privadas, e é consenso que, para mudar a realidade nas proximidades da escola, é preciso modificar a realidade da comunidade, por meio de assistência social e acesso a políticas públicas e a itens básicos como saúde, saneamento, alimentação, além de uma educação de qualidade. Para combater o tráfico e ajudar os alunos, ainda enquanto era professor, Freitas resolveu tomar uma iniciativa ele mesmo: criou o projeto Estudar em Paz, para resgatar o interesse pelos estudos. "A comunidade perdeu o encanto pela escola, precisamos resgatar isso. Ao mesmo tempo, as ruas estão cada vez mais 'encantadoras', cada vez mais estamos perdendo nossos alunos para o trafico", acrescenta.
O estudante Natanael Neves, 18 anos, fez parte do grupo Estudar em Paz. Dos tempos de escola, ele conta que não tinha a menor paciência, bastava "não ir com a cara" da pessoa para já começar a bater. E a violência estava lado a lado com o tráfico. Apesar de não ter feito o uso de drogas, ele viu colegas consumirem tanto nas ruas quando dentro da escola, em São Sebastião (região administrativa do DF).
"O local tinha policiamento, mas os guardas ficam com medo. O pessoal sabe e (usar drogas) já é algo quase normal". A agressividade foi algo que herdou de casa. Ele diz que queria chamar a atenção dos pais. A vida pessoal acabava chegando às salas de aula: "na escola, você só aperfeiçoa o que aprende em casa".
Hoje, Natanael se diz uma nova pesso: ele foi aprovado para o curso de gestão pública pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e pretende voltar ao ambiente escolar depois de formado para mudar a realidade. Ele diz que perdeu as contas dos amigos que deixaram as salas de aula por problemas com tráfico e violência.