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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Ex-presidiário larga as drogas e faz sucesso na internet com 'TV GLS' Elias do Carmo criou a TV após ficar preso mais de dois anos por tráfico. Vídeos publicados na internet já tiveram mais de 50 mil acessos.

06/11/2012 09h04 - Atualizado em 06/11/2012 09h04 Anna Gabriela Ribeiro Do G1 Santos Elias do Carmo produz o conteúdo da TV no barraco onde mora (Foto: Anna Gabriela Ribeiro/G1)) O talento para a comunicação acompanha Elias do Carmo, de 37 anos, desde a infância. Ele começou a brincadeira com uma caixa de isopor, que fingia ser uma câmera, e um microfone para entrevistar a comunidade. Mais de 20 anos depois, Elias criou a TV GLS e já acumula mais de 50 mil visualizações no Youtube. Ele aproveita a nova ocupação para superar diversas dificuldades, como as drogas e a constatação de que é soropositivo. Natural de Pernambuco, Elias do Carmo vive em Santos, no litoral de São Paulo, desde que era bebê. Como os pais eram pobres, eles moravam na rua. Com isso, Elias e os irmãos foram recolhidos e levados para um orfanato. Aos finais de semana, ele visitava os pais na favela Caldeirão do Diabo, atualmente conhecida como Vila Santa Casa. Foi nesta comunidade, onde vive até hoje, que Elias começou a brincar de repórter. Ele improvisou uma caixa de isopor para usar como câmera e, com este aparato, questionava aos moradores quais eram os problemas da comunidade. “A TV GLS começou com um sonho. Sempre fui um artista popular na minha comunidade. Meu dom artístico sempre foi satirizar o cotidiano”, afirma Elias. Repóret mostra a comunidade onde cresceu Pouco tempo depois, Elias passou a trabalhar na rádio Tam Tam, em Santos. Nesta época, resolveu comprar um celular com câmera, para que as reportagens ficassem mais sérias. Os vídeos eram jogados no Youtube e, algumas semanas depois, passaram a ser acessados frequentemente. Em 2010, ele resolveu criar, oficialmente, a TV GLS. “Eu resolvi investir em algo para esse público, que sofre muito preconceito. De início achei que não ia dar certo, por causa da sigla da TV. Coloquei esse nome porque eu sou gay. Achei que ia ser criticado, que iria ser agredido, apanhar. Mas, por incrível que pareça, hoje meu público alvo não é gay. Muitos héteros e crianças me acompanham. Recebo ligações do Brasil todo para cobrir eventos”, diz Elias. Ele explica que a TV GLS cobre qualquer tipo de evento, de cunho social, cultural ou de entretenimento. Atualmente, Elias trabalha com uma câmera 3D, e acumula a função de cinegrafista e repórter. Para Elias, o trabalho com a TV GLS é uma reviravolta em sua vida. “Eu fico impressionado com a proporção que as coisas tomaram. Eu só estudei até a 7ª série, fui faxineiro durante toda a minha vida”, afirma. Elias, que é portador do vírus da aids, vive com a verba de um auxílio doença. Ele conta que já foi dependente químico e traficante. “Cumpri mais de dois anos de pena e posso afirmar que a cadeia foi essencial para eu me redimir, refletir sobre a vida a abandonar o vício e o crime. Por isso sempre falo que a TV GLS é a reviravolta em minha vida, é a minha terapia, que me mantém ocupado e me dá prazer”, relata. Elias comenta que as pessoas o abordam para parabenizá-lo pela atitude. “Eu não sei distinguir direito como é esse fenômeno, porque eu não passei da 7ª série. Sou ex-usuário de drogas, depois me tornei um traficante, fui condenado, sai da cadeia e criei a TV GLS. Ela é minha salvação, tem me dado um avanço muito importante para o meu tratamento”, diz Elias. Atualmente, o maior sonho do repórter é registrar o projeto, com um número de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). FONTE: globo.com/G1

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